A filosofia é uma forma de conhecimento que se dedica a compreender, identificar e comunicar a realidade através de conceitos lógico-racionais.
Ela surgiu na Grécia antiga, no início do século VI a.C., como resultado de uma série de transformações históricas, culturais e sociais que levaram os gregos a questionar as explicações mitológicas e buscar um conhecimento mais seguro e fundamentado na razão.
A origem da palavra “filosofia” é atribuída ao filósofo Pitágoras, que combinou os termos gregos “philos” (amor) e “sophia” (conhecimento), significando “amor ao conhecimento”.
No entanto, o primeiro filósofo reconhecido como tal foi Tales de Mileto, que iniciou uma investigação sobre a natureza (physis) e seus princípios (arché), buscando uma causa única e natural para todas as coisas.
A filosofia nasceu, portanto, do abandono gradativo das explicações baseadas na mitologia, que era uma forma de conhecimento transmitida oralmente pelos poetas-rapsodos e que atribuía aos deuses e outras entidades sobrenaturais a origem e o sentido do universo.
A mitologia era uma forma de consciência mítica, que se caracterizava pelo uso de imagens, símbolos e fantasias para explicar a realidade.
A consciência mítica foi sendo substituída pela consciência filosófica, que se caracteriza pelo uso da razão (lógos), da argumentação e da lógica para explicar a realidade.
O lógos é identificado como a fala objetiva, clara e ordenada, que busca demonstrar e convencer pela força das ideias e não pela autoridade ou pela tradição.
Mas quais foram os fatores que contribuíram para essa mudança de mentalidade dos gregos? Podemos citar alguns:
O comércio, as navegações e a diversidade cultural: os gregos entraram em contato com outros povos e culturas, percebendo que as crenças mitológicas não eram universais nem inquestionáveis.
Eles também descobriram novas terras, recursos e conhecimentos, ampliando sua visão de mundo e sua curiosidade.
A invenção do calendário: os gregos aprenderam a contar o tempo das estações do ano, observando os ciclos da natureza e os movimentos dos astros.
Eles perceberam que esses fenômenos seguiam uma regularidade e uma ordem, que podiam ser previstos e calculados, sem depender da vontade dos deuses.
A invenção da moeda: os gregos desenvolveram um sistema monetário que facilitou as trocas comerciais e estimulou o desenvolvimento econômico.
A moeda também representou um valor abstrato e universal, que podia ser usado para medir e comparar diferentes coisas.
O surgimento da vida urbana: os gregos formaram cidades-estado (polis), onde se desenvolveu uma vida social, política e cultural mais complexa e dinâmica.
As cidades eram espaços de convivência, debate e participação dos cidadãos, que tinham direitos e deveres.
A democracia ateniense foi um exemplo de organização política baseada na razão e na lei.
A invenção da escrita alfabética: os gregos adotaram um sistema de escrita baseado em letras que representavam sons, facilitando a comunicação, a expressão e a difusão das ideias.
A escrita alfabética permitiu aos gregos registrar seus pensamentos, suas leis, suas histórias e suas obras literárias.
A invenção da política: os gregos criaram uma área pública dedicada à discussão e à deliberação sobre os assuntos coletivos.
A política era vista como uma atividade nobre e necessária para o bem comum.
Os gregos também desenvolveram conceitos como justiça, liberdade, igualdade, cidadania, ética e democracia.
Esses fatores históricos criaram as condições para o surgimento da filosofia, que foi uma forma de conhecimento racional, crítico e criativo, que buscou compreender a realidade em sua totalidade, questionando as verdades estabelecidas e buscando novas respostas.
A filosofia foi, assim, uma expressão do espírito grego, que se caracterizou pela curiosidade, pela liberdade e pela busca da sabedoria.